Classificação Internacional de Doenças (CID): como é sua estrutura?

A Classificação Internacional de Doenças (CID) está presente em praticamente todas as áreas da saúde e da gestão ocupacional. Criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), essa classificação tem um papel muito importante na definição de diagnósticos, no acompanhamento de estatísticas globais e até na formulação de políticas públicas. Mas o que muita gente não sabe é como essa estrutura está montada.

Seja no ambiente corporativo, nos serviços de saúde ou em avaliações médicas, a CID é usada para classificar e padronizar diagnósticos, facilitando a comunicação entre profissionais de diferentes setores. A mais recente atualização, a CID-11, trouxe mudanças importantes e ajustes que mostram toda a evolução da medicina e das condições de trabalho.

Para entender a estrutura dessa classificação, os critérios utilizados na divisão de doenças e as principais alterações da CID-11, continue a leitura!

O que é a Classificação Internacional de Doenças (CID)?

Trata-se de um sistema global que padroniza e organiza todas as doenças e condições de saúde conhecidas, permitindo que sejam registradas e analisadas uniformemente.

Criada no final do século XIX, essa classificação tem sido constantemente atualizada para refletir os avanços da medicina, a evolução das doenças e as necessidades do setor de saúde.

Nesse sentido, a CID serve para diversas finalidades, como:

  • diagnóstico médico e registros clínicos;
  • estatísticas de saúde pública e epidemiologia;
  • gestão de benefícios previdenciários e seguros de saúde;
  • regulação de normas trabalhistas e reconhecimento de doenças ocupacionais;
  • desenvolvimento de políticas públicas relacionadas à saúde.

Cada doença ou condição recebe um código alfanumérico único, facilitando o armazenamento e o compartilhamento de informações entre diferentes instituições de saúde e governos.

Como a CID está estruturada?

A CID é dividida em capítulos, que agrupam doenças e condições semelhantes. Cada capítulo recebe um número e um título correspondente:

  • CID-10: versão anterior, organizava as doenças em 22 capítulos, enquanto a CID-11 aprimorou essa divisão e incorporou novas categorias. Cada capítulo da CID agrupa doenças e condições específicas;
  • CID-11: aprimorou a classificação das doenças, reorganizando capítulos e incorporando novas categorias. Cada seção agrupa condições médicas específicas, facilitando o diagnóstico e a padronização dos registros clínicos.

Agora, entenda como é a estrutura!

Capítulo 1 – Doenças infecciosas e parasitárias

Engloba infecções causadas por vírus, bactérias, fungos e parasitas, como tuberculose, HIV/AIDS, hepatites virais e malária.

Capítulo 2 – Neoplasias (tumores)

Reúne os diferentes tipos de câncer e tumores benignos, classificados conforme a localização e características biológicas.

Capítulo 3 – Doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos

Abrange distúrbios relacionados à produção e função do sangue, como anemia, leucemia e problemas na coagulação.

Capítulo 4 – Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas

Compreende condições que afetam o equilíbrio hormonal e metabólico, incluindo diabetes, disfunções da tireoide e quadros de desnutrição.

Capítulo 5 – Transtornos mentais e comportamentais

Agrupa doenças psiquiátricas, como depressão, esquizofrenia e transtornos de ansiedade, entre outras condições que afetam a saúde mental.

Capítulo 6 – Doenças do sistema nervoso

Lista patologias neurológicas como Alzheimer, epilepsia, esclerose múltipla e Parkinson, que impactam o funcionamento cerebral e a coordenação motora.

Capítulo 7 – Doenças dos olhos e anexos

Relaciona problemas oftalmológicos, como catarata, glaucoma e alterações na retina que comprometem a visão.

Capítulo 8 – Doenças do ouvido e da mastoide

Destaca enfermidades que afetam a audição e a estrutura do ouvido, incluindo infecções e perda auditiva.

Capítulo 9 – Doenças do aparelho circulatório

Reúne patologias cardiovasculares, como hipertensão, infarto, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC).

Capítulo 10 – Doenças do aparelho respiratório

Registra enfermidades que afetam os pulmões e vias respiratórias, como asma, pneumonia, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e infecções virais.

Capítulo 11 – Doenças do aparelho digestivo

Relaciona distúrbios gástricos e intestinais, como gastrite, úlceras, doenças hepáticas e problemas na absorção de nutrientes.

Capítulo 12 – Doenças da pele e do tecido subcutâneo

Cobre afecções dermatológicas, incluindo psoríase, dermatites e infecções cutâneas.

Capítulo 13 – Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo

Descreve condições que comprometem ossos, articulações e músculos, como artrite, osteoporose e lesões ligamentares.

Capítulo 14 – Doenças do aparelho geniturinário

Trata de problemas nos rins, bexiga e órgãos reprodutivos, incluindo insuficiência renal, infecções urinárias e distúrbios hormonais.

Capítulo 15 – Gravidez, parto e puerpério

Classifica complicações durante a gestação e o nascimento, como pré-eclâmpsia, partos prematuros e hemorragias pós-parto.

Capítulo 16 – Algumas condições originadas no período perinatal

Foca em distúrbios que afetam recém-nascidos, desde prematuridade até dificuldades respiratórias.

Capítulo 17 – Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas

Registra síndromes genéticas e anomalias estruturais, como a Síndrome de Down e defeitos cardíacos congênitos.

Capítulo 18 – Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e laboratoriais

Abarca alterações detectadas em exames médicos sem diagnóstico específico, como febre persistente e marcadores sanguíneos alterados.

Capítulo 19 – Lesões, envenenamentos e algumas outras consequências de causas externas

Catalogação de traumas, intoxicações e ferimentos causados por fatores externos, como quedas, queimaduras e acidentes.

Capítulo 20 – Causas externas de morbidade e mortalidade

Envolve circunstâncias que levam a doenças e óbitos, incluindo acidentes de trânsito, agressões e afogamentos.

Capítulo 21 – Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com serviços de saúde

Refere-se a situações que impactam a saúde sem serem propriamente doenças, como vacinação, exames de rotina e fatores de risco ocupacionais.

Capítulo 22 – Códigos para propósitos especiais

Engloba novas categorias criadas pela OMS para condições emergentes ou classificações ainda não abrangidas nos capítulos anteriores.

Quais são as principais mudanças da CID-11?

A CID-11, oficializada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022, trouxe atualizações significativas para tornar a classificação mais moderna, acessível e precisa. Entre as principais mudanças, destacam-se:

  • novo sistema de codificação: mais intuitivo e digital, facilitando buscas e registros médicos;
  • inclusão de novas doenças: a Síndrome de “burnout agora é reconhecida como um transtorno ocupacional, ou seja, diretamente ligada às condições de trabalho;
  • expansão de transtornos psiquiátricos: o Transtorno do Espectro Autista (TEA) passou a englobar diagnósticos como Síndrome de Asperger e Transtorno Desintegrativo da Infância. Além disso, a CID-11 incluiu o gaming disorder (distúrbio por jogos eletrônicos), reconhecendo o impacto do uso excessivo de videogames na saúde mental;
  • reclassificação da transexualidade: a incongruência de gênero deixou de ser considerada um transtorno mental e passou a integrar um novo capítulo dedicado à saúde sexual, reduzindo estigmas e garantindo melhor acesso à saúde pública;
  • resistência antimicrobiana: agora há uma categorização específica para rastrear e combater a resistência a antibióticos, considerada uma das maiores ameaças à saúde global;
  • aprimoramento de categorias ambientais e ocupacionais: a nova classificação melhora a identificação de doenças relacionadas ao ambiente de trabalho e exposição a agentes nocivos.

Qual é a importância da CID na saúde ocupacional?

A CID tem impacto direto na saúde ocupacional, pois permite:

  • diagnosticar doenças relacionadas ao trabalho com mais precisão;
  • facilitar a concessão de benefícios e afastamentos;
  • orientar políticas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais;
  • padronizar laudos médicos e relatórios periciais.

Empresas que utilizam a CID de forma adequada conseguem melhorar a segurança do trabalho, reduzir afastamentos e aprimorar as condições laborais, resultando em maior produtividade e bem-estar dos trabalhadores.

Como vimos, a Classificação Internacional de Doenças (CID) é um sistema essencial para a organização de dados de saúde e gestão de doenças em nível global. Com uma estrutura detalhada e em constante evolução, ela reflete as mudanças no cenário da medicina e da segurança do trabalho. Manter-se atualizado sobre a CID é fundamental para profissionais de saúde ocupacional, empresas e gestores que lidam com a prevenção de doenças e a promoção da qualidade de vida no ambiente de trabalho.

E você, já utiliza a CID no seu dia a dia profissional? Compartilhe nos comentários a sua experiência ou, se tiver alguma dúvida, é só falar conosco!

Se você tiver curiosidade e quiser saber mais sobre a SAFE, visite nosso site no endereço www.safesst.com.br. Caso queira conversar diretamente conosco, clique aqui.

Quer receber mais conteúdos como esse gratuitamente?

Cadastre-se para receber os nossos conteúdos por e-mail.

Email registrado com sucesso
Opa! E-mail inválido, verifique se o e-mail está correto.
Ops! Captcha inválido, por favor verifique se o captcha está correto.

Fale o que você pensa

O seu endereço de e-mail não será publicado.

Share This